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domingo, 13 de maio de 2012

Factores de desenvolvimento cognitivo


        Segundo a teoria psicogenética de Piaget, há diferentes fatores do desenvolvimento: fatores internos do sujeito e fatores de interação do sujeito com a realidade. Existem fatores que são influenciadores do desenvolvimento, tais como, a hereditariedade, a experiência física, e a transmissão social. Piaget considera ainda um fator determinante: a equilibração.

 

          A hereditariedade influencia o desenvolvimento, mas é insuficiente para explicá-lo; a própria maturação está na dependência da atividade do sujeito. A maturação interna, como não é um fator que atua sozinho, é considerada um fator insignificante.

 

        A experiência física é entendida como toda a experiência que resulta das ações realizadas materialmente. A lógica da criança, em especial, advém das ações exercidas sobre os objetos; se este é essencial ao desenvolvimento, também é insuficiente porque a lógica da criança não é resultante apenas dele.

 

            A transmissão social diz respeito ao fator da educação, que é fundamental mas não suficiente.

 

 

 

 

 

A assimilação, acomodação e equilibração

 

 

           A assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra (classifica) um novo dado percetual, motor ou conceptual nas estruturas cognitivas prévias. Ou seja, quando a criança tem novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui.

            Ocorre, neste caso, um processo de assimilação, ou seja a similaridade entre o cavalo e o cão (apesar da diferença de tamanho) faz com que um cavalo passe por um cão em função da proximidade dos estímulos e da pouca variedade e qualidade dos esquemas acumulados pela criança até o momento. A diferenciação do cavalo para o cão deverá ocorrer por um processo chamado de acomodação.

         Ou seja, a criança, apontará para o cavalo e dirá " cão". Neste momento, um adulto intervém e corrige, "não, aquilo não é um cão, é um cavalo". Quando corrigida, definindo que se trata de um cavalo, e não mais de um cão, a criança, então, acomodará aquele estímulo numa nova estrutura cognitiva, criando assim um novo esquema. Esta criança tem, agora, um esquema para o conceito de cão e outro para o conceito de cavalo.

 

 

Ligeira semelhança morfológica entre um cavalo e um cão


 

           Assim, a acomodação acontece quando a criança não consegue assimilar um novo estímulo, ou seja, não existe uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em função das particularidades desse novo estímulo. Diante deste impasse, restam apenas duas saídas: criar um novo esquema ou modificar um esquema existente. Ambas as ações resultam numa mudança na estrutura cognitiva. Ocorrida a acomodação, a criança pode tentar assimilar o estímulo novamente, e uma vez modificada a estrutura cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado.

 

              Piaget, quando expõe as ideias da assimilação e da acomodação, no entanto, deixa claro que, da mesma forma como não há assimilação sem acomodações (anteriores ou atuais), também não existem acomodações sem assimilação.

Partindo da ideia de que não existe acomodação sem assimilação, podemos dizer que esses esquemas cognitivos não admitem o começo absoluto, pois derivam sempre, por diferenciações sucessivas, de esquemas anteriores. E é dessa maneira que os esquemas se desenvolvem por crescentes equilibrações e autorregulações. Pode-se dizer que a adaptação é um equilíbrio constante entre a assimilação e a acomodação.

            Durante a assimilação, uma pessoa impõe a sua estrutura disponível aos estímulos que estão a ser processados. Isto é, os estímulos são "forçados" a ajustarem-se à estrutura da pessoa. Na acomodação, o inverso é verdadeiro. A pessoa é "forçada" a mudar a sua estrutura para acomodar os novos estímulos.

 

 

 

  A Teroria da equilibração

 

             Segundo Piaget, a teoria da equilibração, de uma maneira geral, trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e, assim, é considerada como um mecanismo autorregulador, necessária para assegurar à criança uma interação eficiente dela com o meio-ambiente.

 

        Esta equilibração é necessária porque se uma pessoa só assimilasse estímulos acabaria com alguns poucos esquemas cognitivos, muito amplos, e por isso, incapaz de detetar diferenças nas coisas, como é o caso do esquema "seres". O contrário também é nocivo, pois se uma pessoa só acomodasse estímulos, acabaria com uma grande quantidade de esquemas cognitivos, porém muito pequenos, acarretando uma taxa de generalização tão baixa que a maioria das coisas seriam vistas sempre como diferentes, mesmo pertencendo à mesma classe.

 

             Dessa forma, podemos ver a integração num todo, segundo a teoria da equilibração como uma tarefa de assimilação, enquanto que a diferenciação pode ser vista como uma tarefa de acomodação.


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