O documentário
“O segredo de uma criança selvagem” (secret of a wild child) é um bom exemplo
das questões associadas á problemática da hereditariedade e do meio (tema
referido num anterior artigo deste blog).
Este documentário conta-nos a
história de Genie (pseudónimo dado á criança). Genie era uma criança que
sofreu, durante 11 anos, maus tratos por parte do seu pai, vivendo trancada no
seu próprio quarto e amarrada a uma cadeira, sem qualquer contacto com o mundo
exterior. Este isolamento só terminou quando a Genie tinha 13 anos de idade, a
partir de uma assistente social que descobriu o caso. O seu pai acabou por se
suicidar umas semanas mais tarde.
Logo que este caso foi descoberto,
devido ao isolamento, Genie não conseguia falar e não se comportava como uma
criança normal de 13 anos e por isso começaram a surgir questões no que toca ao
seu crescimento, nomeadamente se esta conseguiria aprender a comunicar numa
fase tão tardia do seu desenvolvimento e se poderia alguma vez ser uma criança
normal, dado que os períodos críticos (períodos sensíveis do desenvolvimento,
que não devem sofrer qualquer tipo de interferência, pois podem resultar em
deficiências ou disfunções permanentes) tinham sido afetados. Este caso acabou
por ser uma rara oportunidade para os cientistas investigarem uma experiência
considerara “proibida” devido aos fatores morais da sociedade e que em
condições normais não seria possível.
Foi Jeanne Butler, terapeuta do
hospital onde Genie foi enternada, quem acompanhou mais de perto a sua
reabilitação, e deu a primeira casa e o primeiro ambiente familiar depois dos
primeiros trágicos anos de vida desta criança, dado que a mãe de Genie não
tinha capacidades nem meios de tratar da sua filha.
Ao longo do documentário temos vários
relatos dos cientistas responsáveis por investigar este caso, que vão
explicando como esta criança foi evoluindo. À medida que a investigação foi
decorrendo começaram a surgir duvidas em relação ao desenvolvimento de Genie,
nomeadamente na questão da linguagem, pois Genie apesar de conseguir evocar
palavras soltas quando estimulada, não consegui formar frase, ou seja os
cientistas depararam-se com um bloqueio na evolução desta capacidade. Então os
investigadores questionaram-se se este defeito era oriundo de uma mal formação
genética, ou seja se Genie teria alguma deficiência de nascença ou se este
bloqueio ocorria devido às interferências ocorridas no seu desenvolvimento,
nomeadamente nos trágicos 11 anos da sua vida onde viveu privada de qualquer
estímulo linguístico.
No documentário Genie acaba por mudar
várias vezes de casa de adoção onde foi também sofreu maus tratos, que ajudaram
a bloquear a evolução desta criança.
Passado uns anos da investigação
deste triste caso, os fundos foram retirados pois cresceu a polémica de que os
investigadores estariam a estudar exaustivamente esta criança, e a tirar
partido do mediatismo que este caso trouxe na sociedade. Assim através do
conflito com as questões éticas a investigação é definitivamente encerrada.
Este caso que se desenrolou na
década de 70 ainda hoje levanta algumas questões, que proponho aos nosso
leitores aos nossos leitores:
1- A propósito da hereditariedade e do
meio, será que a Genie não evolui mais e não se tornou uma criança normal
devido a hereditariedade ou sera
2- Acham que que foi bom para a Genie o
fim da investigação? Será que os cientistas de facto, entraram em conflito com
a ética?
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