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sexta-feira, 23 de março de 2012

Correntes da Psicologia

Ao longo dos anos com a evolução da psicologia, surgiram várias correntes, em que cada uma delas apoiava diferentes teorias e objetos de estudo.




Estruturalismo

Wilhelm Wundt
         O Estruturalismo era uma das vertentes da psicologia que tinha como objetivo analisar e estudar a estrutura da mente humana.
         Foi Wilhelm Wundt  (nascido a 16 de agosto de 1832, Alemanha) o principal responsável propulsionador desta vertente. Wilhelm Wundt investigou a consciência humana, nomeadamente as sensações e os sentimentos que eram considerados os processos mais complexos da mente humana. Fundou o primeiro laboratório de psicologia experimental em 1897, onde elaborou testes e estudos que permitiram à psicologia desenvolver-se enquanto ciência. Neste laboratório investigou as estruturas e a consciência da mente humana, recorrendo a métodos de introspeção (“olhar para dentro”) - um processo rigoroso que permitia descobrir sensações e sentimentos da experiência consciente.
       A partir do trabalho de Wundt, vários cientistas aprofundaram o estruturalismo distinguindo-o de outras áreas da psicologia. No entanto, com o tempo, esta vertente desaparece, restando como vestígios as preocupações com as análises minuciosas de todos os componentes duma função ou competência.

Funcionalismo
 
William James
O Funcionalismo considera que o objectivo da psicologia é o ajustamento do organismo às exigências do meio que vive. A psicologia deve estudar as funções adaptativas do comportamento e dos processos mentais e não somente a sua estrutura e composição.
William James (1842-1910) assumiu uma vigorosa posição funcionalista ao criticar os métodos e propósitos estruturalistas. Para responder às questões que o funcionalismo defende, são elas: "o que fazem os homens?" e "porque o fazem?", James elege a consciência como o centro de suas preocupações e busca e a compreensão do seu funcionamento, em especial os processos adaptativos homem-ambiente, na medida que o homem "usa" a mente (a consciência) para se adaptar ao meio.
John Dewey
John Dewey (1859-1952) adoptou o ponto de vista de James, e, ao desenvolver o seu sistema de psicologia, converteu-se no fundador oficial do Funcionalismo.
Como escola de psicologia, o funcionalismo desapareceu, mas a herança da psicologia funcionalista é ainda hoje visível na moderna psicologia americana pela atenção dada aos processos envolvidos na adaptação ao ambiente, numa perspectiva evolucionista, tal como acontece na abordagem  da aprendizagem na psicologia comportamentalista e nos estudos da atenção, percepção, inteligência e testes.








Gestaltismo


            A palavra gestalt é de origem germânica, e significa “forma” ou “figura”. A psicologia de gestalt, ou gestaltismo, desenvolveu-se a partir de 1912 na Europa, pela necessidade da existência de uma teoria que, não esquecendo o valor e a necessidade da experimentação científica, salienta sobretudo o aspeto global da realidade psicológica, postulando a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade.
            Teve como pioneiros os psicólogos Kurt Kofka (1886-1941), Wolfgang Köhler (1887-1967) e o filósofo Max Wertheimer (1880 - 1943). Estes autores estudaram os processos percetivos do sujeito, o comportamento natural do cérebro no processo de perceção. Defendiam que o conhecimento do mundo e o nosso comportamento dependem e variam de acordo com aquilo que percecionamos.
            A Lei da prägnanz (pregnância) ou da boa forma, é uma ideia fundamental na gestalt e, pressupõe que há uma tendência de vermos a figura como tendo boa qualidade sob as condições de estímulos.
            Uma boa gestalt é simétrica, simples e estável, e não pode ser mais simples nem mais organizada. É também chamada lei da simplicidade: os objetos são percebidos no modo mais simples e ecológico. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada.


Cubo de Necker e o Vaso de Rubin, são dois exemplos usados nesta corrente.




Construtivismo

Jean Piaget
            O construtivismo nasceu com o objetivo de explicar como a inteligência humana se desenvolve, determinado que o desenvolvimento intelectual do sujeito é determinado através da relação com o meio.
            O desenvolvimento deste conceito baseou-se no trabalho de Jean Piaget (nascido a 9 de agosto de 1896, Suíça) e do seu trabalho com a inteligência infantil, onde tentou perceber como se desenvolve o conhecimento humano. Piaget descobriu que a lógica infantil e os seus modos de pensar são diferentes dos adultos, e baseado nesse estudo, definiu quatro estados de desenvolvimento intelectual, em que cada um de características diferentes. Os quatro estados do desenvolvimento intelectual para Piaget são:


         1. Sensório-motor
             2. Pré-operatório 
             3. Operações concretas
             4. Operações formais

                                    
         Para além deste quatro estados, Piaget deduziu que o ser humano, quando pretende adquirir novos conhecimentos baseia-se na assimilação e na acomodação, para o conseguir.
            Assim o construtivismo defende que o conhecimento não é inato mas resulta da interação do organismo com o meio.






Associacionismo

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/6/67/Edward_Thorndike.jpg
Edward L. Thorndike
Edward L. Thorndike (1947-1949) revelou a sua importância através da formulação da primeira teoria de aprendizagem na psicologia.
O termo associacionismo tem origem da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação de ideias – das mais simples para as mais complexas.
Thorndike formulou a lei do efeito, que viria a ser de grande utilidade para a psicologia comportamentalista. De acordo com esta lei, todos os comportamentos de um organismo vivo(um homem, um pombo, um rato, etc.) tendem a repetir-se se nós recompensarmos (efeito) o organismo assim que emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer se o organismo for castigado (efeito) após a sua ocorrência. Concluindo, pela lei do efeito, o organismo irá associar essas situações a outras situações semelhantes.





Behaviorismo

O behaviorismo nasce com John Broadus Watson (1878-1958), nos Estados Unidos.
Também conhecida como teoria SR (stimuli-respond / estímulo-resposta) contrastava com o paradigma dominante na psicologia da sua época, caracterizado por uma grande preponderância da filosofia e da dimensão consciente.
John Watson
Tal como o seu percursor pretendia, esta teoria tornava possível a aplicação da psicologia a animais e seres humanos. Era uma teoria, na qual os factos da consciência eram subjectivos, pois dependiam das impressões e características de cada pessoa, ‘’refutando’’ assim a teoria do estruturalismo, a qual defendia que esses mesmos factos da consciência eram de estados e reproduzidos por todos os observadores treinados. Foi fundada num artigo de 1913, ‘’Psychology has a behaviorist views it’’, publicado na Psychological Review.
Para Watson, a psicologia não devia ter em conta nenhum tipo de preocupação introspectiva, filosófica ou emocional, mas usando somente os comportamentos objectivos, concretos e observáveis,  adoptando apenas meios objectivos.
Com  o behaviorismo, a psicologia podia medir respostas utilizando o método experimental, tornando a psicologia numa matéria científica.






Psicanálise

Sigmund Freud
Nasce com Sigmund Freud (1856-1939), na Áustria, a partir da prática médica. Freud, médico neurologista, foi o primeiro a comunicar a demonstração positiva da existência de atividade psíquica inconsciente e a formular as leis do dinamismo inconsciente. Ao recuperar para a psicologia a importância da afetividade e ao postular o inconsciente como objeto de estudo, quebra a tradição da psicologia como a ciência da consciência e da razão.
Sendo assim, a teoria da psicanálise é um campo de clínico e de investigação teórica da psique humana independente da psicologia, embora também inserido nesta, desenvolvido por Sigmund Freud que se propõe à compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito inconsciente e abrange três áreas:
- um método de investigação da mente e seu funcionamento
- um sistema teórico sobre a vivência e comportamento humano
- um método de tratamento psicoterapêutico.

A vida humana é estudada a partir da motivação básica, o impulso sexual ou princípio de prazer. Este impulso existe na criança, na qual a satisfação de zonas erógenas. De facto, a personalidade é determinada fundamentalmente por processos e forças inconscientes moldadas nos primeiros anos de vida, durante a primeira infância (até aos 6-8 anos), pelo que a exploração das lembranças dos primeiros cinco anos de vida é essencial ao tratamento. Freud insistia em que todos os detalhes se ajustam perfeitamente entre si.
Estas considerações implicaram um conjunto de críticas da sociedade de então mas constituiriam a base da sua aceitação posterior, sendo hoje um dos autores mais referenciados sobre o comportamento humano (embora, pela sua popularização, com muitos exageros e erros de interpretação).
Esta teoria defende então que a vida psíquica é determinada, o inconsciente desempenha um papel preponderante na determinação do comportamento do homem, os conceitos explicativos mais importantes são motivacionais, o impulso básico é sexual e tem os seus alicerces na biologia do organismo, a história do organismo é extremamente importante na determinação do comportamento atual. Estuda também, a teoria do desenvolvimento, que iremos falar mais detalhadamente a posteriori, sendo esta muito importante, que envolve as fases:
- oral
- anal
- fálica
- latente
- genital

Freud encontra na mente uma divisão entre três elementos:
- o consciente (ego), que se baseia no raciocínio e nas operações lógicas
- o pré-consciente (superego), que envolve as memórias, a interiorização de proibições sociais que produz angústias, ansiedades e castiga o ego quando este aceita impulsos vindos do id
- o inconsciente (id), sendo constituído pelos pulsões, desejos e medos recalcados e não obedece à lógica nem à moral.

Freud tratava dos seus pacientes tentando trazer à consciência o que estava inconsciente. Daí resultam comportamentos incompreensíveis (fobias, auto-agressão) o que permite pensar em soluções para a cura. Para termos acesso ao inconsciente ficamos limitados a processos indiretos como a hipnose, a interpretação dos sonhos, a associação livre, os atos falhados e a transferência.